As informações sobre os Grupos de Trabalho (GTs) também estão disponíveis no Edital de Chamada de Resumos, localizado ao final da página.
Alessandra Cassol (UFRRJ)
Bianca Leite Dramali (ESPM SP)
Izabela Domingues (UFPE)
Patrícia Leite da Silva (UFRRJ)
Em 2025, a internet completa três décadas de uso, impulsionando consumidores mais críticos e engajados, com maior capacidade de influenciar marcas e organizações (Klein, 2002; Domingues e Miranda, 2018). Diante disso, o conceito de “prossumo”, proposto por Alvin Toffler nos anos 1970, ganha força, refletindo consumidores que também produzem conteúdo e moldam decisões de mercado. A cocriação de valor emerge como estratégia essencial para empresas inovarem e se conectarem com seus públicos (Ramaswamy e Prahalad, 2004). Michel de Certeau (1980) também nos convida a pensar nessa perspectiva mais ativa do consumidor quando diferencia estratégias empresariais, que buscam influenciar o consumo, e táticas dos consumidores, que ressignificam produtos e serviços. Assim, a inovação emerge da interação entre consumidores e organizações, refletindo negociações e transformações sociais. Nesse cenário, a inovação do consumidor destaca como indivíduos pioneiros identificam demandas e desenvolvem soluções, muitas vezes influenciando o mercado (Von Hippel et al., 2012). Sua participação ativa no desenvolvimento de produtos contribui para aprimorar soluções e impulsionar inovações (Wang et al., 2024). Diferentes modelos teóricos explicam a adoção de inovações, como a Teoria da Ação Racionalizada (Fishbein & Ajzen, 1975) e a Teoria da Difusão da Inovação (Rogers, 2003), analisando também processos e motivos de aceitação e rejeição (Claudy & Garcia, 2014; Jeleskovic et al., 2023). É a partir desta perspectiva multidisciplinar, que reúne Comunicação, Comportamento do Consumidor e Antropologia, que o GT Consumo e Inovação pretende discutir trabalhos que abordem:
• Impacto das necessidades, perfis e feedbacks do consumidor no desenvolvimento de inovações tecnológicas
• Modelos de aceitação de tecnologia e comportamento do consumidor na inovação
• Usos ressignificados pelo consumidor de produtos e marcas
• Movimentos, fenômenos culturais do consumo e comportamentos como boicote, buycott, cancelamentos, pressões e comunidades de marca nas redes
• Tópicos contemporâneos sobre consumo e inovação
Ana Raquel Rocha (UFF)
Denise Franca Barros (UFF)
João Mouzart (UFBA e USP)
O tema Consumo e Relações Étnico-Raciais é crucial para a análise das dinâmicas sociais contemporâneas, especialmente em países marcados historicamente por processos coloniais de exploração, que estabeleceram profundas desigualdades raciais. Refletir sobre o consumo não se limita à aquisição de bens ou serviços, mas também às formas como esse fenômeno está intimamente ligado à construção e à reprodução de identidades, às estruturas de poder e à inclusão/exclusão de diferentes grupos racializados. Nesse sentido, o presente GT propõe uma reflexão sobre como as questões étnico-raciais se articulam com o consumo, considerando tanto suas dimensões locais quanto globais. Sabemos que o racismo gera disparidades, resultado de: “um comportamento ou ação que decorre da aversão, por vezes do ódio, em relação a pessoas com pertencimento racial observável por meio de sinais, como cor da pele, tipo de cabelo, etc. (…) e, por outro lado, de um conjunto de ideias e imagens sobre grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e inferiores. O racismo também resulta da vontade de impor uma verdade ou crença particular como única e verdadeira” (Gomes, 2005, p. 52). Com base nessa definição, busca-se refletir sobre as experiências de consumo vivenciadas cotidianamente por pessoas não brancas. Ademais, o GT visa ser um espaço para conferir protagonismo às intersecções de grupos representantes de minorias ou socialmente minorizados, no Brasil e no mundo, ainda que sejam numericamente expressivos no mercado de consumo. Espera-se que as pesquisas apresentadas abordem as questões étnico-raciais e seus desdobramentos nos ambientes de mercado e nos
momentos de consumo. Advoga-se ser imprescindível pensar a inovação no consumo de forma crítica, considerando suas implicações para as relações étnico-raciais. Dessa forma, como podemos usar a inovação para romper barreiras e promover o respeito à diversidade, sem cair na armadilha da apropriação e da desigualdade estrutural?
Ana Cirne Paes de Barros (IFRN)
Cândida Maria Nobre de Almeida Moraes (IFES e UFAM)
Flávia Galindo (UFRRJ)
Soraya Barreto Januário (UFPE)
O GT propõe analisar as relações entre consumo, marketing, comunicação e publicidade a partir de abordagens interdisciplinares e críticas. Serão debatidas as dinâmicas simbólicas de consumo, os discursos publicitários, as estratégias de marca e os impactos socioculturais das práticas mercadológicas. Busca-se examinar as interconexões entre o ato de consumir e seus desdobramentos, reconhecendo-os como um ponto central para questionar as teorias clássicas e hegemônicas sobre a sociedade e as manifestações culturais veiculadas pelos meios de comunicação de massa e de nicho, bem como as práticas de mercado. Ao conceber o consumo como um fenômeno sociocultural abrangente, que alicerça culturas e dá origem a imaginários, práticas, e produções sociais, o GT engloba análises das dimensões material, simbólica e cultural, tanto no âmbito sociológico da produção e circulação quanto no plano subjetivo e reflexivo do indivíduo. Observando a cultura do consumo em suas diversas manifestações, com foco nas estratégias de marketing e de publicidade e ainda, nas narrativas midiáticas e comunicacionais, o GT se dedica a investigar o funcionamento dos sistemas de mídia e do mercado, as ações de marcas e consumidores, suas lógicas e estratégias de produção, bem como os processos e contextos de apropriação e interpretação. Dessa forma, o GT se dedica a investigar o funcionamento dos sistemas de mídia e do mercado, as ações de marcas e consumidores, suas lógicas e estratégias de produção, bem como os processos e contextos de apropriação e interpretação. A proposta do GT abrange reflexões sobre (e não somente): a. Investigações sobre a história e a evolução do consumo e suas representações na mídia; b. As técnicas de marketing e publicidade e seus impactos; c. O papel das mídias sociais e dos influenciadores digitais no consumo; d. As relações entre consumo, identidade e estilo de vida, bem como as críticas e resistências à cultura do consumo; e. As práticas de consumo, as narrativas e os imaginários que o envolvem; e. Os produtos das indústrias culturais, as tecnicidades do consumo, as dimensões políticas e contra-hegemônicas do consumo; f. Os discursos do capital, e ainda as implicações socioculturais, político-econômicas, estéticas, éticas e ideológicas associadas a essas dinâmicas; g. A plataformização do consumo e as práticas adotadas pelas empresas de aplicativo.
Michele de Lavra Pinto (UFGRS)
Raquel de Aragão Uchôa Fernandes (UFRPE)
Sílvia Borges Corrêa (ESPM Rio)
O GT se propõe a discutir o lugar do consumo na construção de sociabilidades contemporâneas, considerando o universo dos diferentes grupos e classes sociais que compõem o ambiente urbano. Objetiva-se que o GT seja um espaço para reflexão sobre o fenômeno do consumo em seus múltiplos sentidos, percepções, práticas, rituais e transformações na vida social das cidades. Pretende-se discutir: (i) os discursos, as práticas e os significados de consumo de segmentos da população de diferentes níveis socioeconômicos; (ii) os espaços de consumo presentes nas cidades, entendendoos como lugares privilegiados para a compreensão das dinâmicas urbanas no que tange ao consumo, mas também ao trabalho, ao lazer e à sociabilidade, enfim, às relações sociais de diversos grupos e classes; (iii) as novas estratégias de fruição e dinâmicas de consumo resultantes de processos de gentrificação e/ou em contextos de territórios gentrificados; (iv) as transformações nos hábitos e nas práticas de consumo resultantes de mudanças tecnológicas e digitais. O GT acolhe trabalhos, de diferentes matizes teóricas e metodológicas, que discutam o consumo pautados pela compreensão das desigualdades de classe social, mas também dos múltiplos aspectos sociais que se sobrepõem, entendendo a interseccionalidade como perspectiva fundamental na compreensão da complexidade das desigualdades sociais.
Fátima Portilho (UFRRJ)
Felipe da Luz Colomé (IFPA e UFRRJ)
Maycon Schubert (UFRGS)
Zênia Tavares (UFRPE)
O consumo alimentar tem se tornado central em diversas agendas públicas: mudanças climáticas, insegurança alimentar, crise das proteínas, crise energética, bem-estar-animal, saúde pública, inúmeras desigualdades – econômica, raça, gênero, espécie, etc. No campo da pesquisa acadêmica, diversos temas têm despertado interesse como as ideologias alimentares; os ativismos alimentares; as políticas alimentares; a gordofobia; os mercados alimentares; a segurança e a justiça alimentar; a culinária tradicional, profissional e étnica; o racismo, sexismo e especismo, nos sistemas, ambientes e práticas alimentares; riscos e controvérsias alimentares, as culturas alimentares digitais; a
conveniencialização da comida e do comer, entre outros. A proposta deste GT tem como objetivo principal oferecer um espaço de diálogo e de interação acadêmica com foco nos estudos sobre consumo alimentar. Trabalhos que se dediquem a analisar processos sociais, descrever práticas sociais e refletir sobre teorias sociais, com esse enfoque, serão muito bem-vindos.
Maria Alice Vasconcelos Rocha (UFRPE)
Maria Eduarda Guimarães (pesquisadora independente)
Mylene Mizrahi (Puc-Rio)
É possível dizer que as pesquisas sobre a moda têm sido longamente tributárias da discussão fomentada pelas teorias distintivas (Veblen, 1899; Simmel, 1957; Bourdieu, 1979). Sem negar a centralidade que os itens de vestuário e outros adornos corporais adquirem enquanto bens posicionais, nas últimas décadas a consideração da materialidade (Miller, 1987; McCracken, 1988; Butler, 1993; Haraway, 1985) contribuiu para que trouxéssemos a corporalidade para o centro da análise, obrigando a considerar as implicações do gosto para o vivenciar de clivagens como as de raça, classe e gênero para a criação e o consumo de moda. É a partir dessa articulação complexa que gostaríamos de explorar as relações entre moda, consumo e inovação. Se podemos apreender o consumo como um insumo que concorre para a produção de estéticas corporais, somamos a essa perspectiva os processos criativos engendrados na produção de vestuário e outros adornos corporais, tomando-os como marcadores do espírito do tempo, seja esta produção artesanal, industrial ou robotizada. Nos interessarão perguntas de pesquisas como as que concernem à relação entre mercado, criatividade e estilo; às articulações entre corporalidade e as estratégias de autoapresentação; ao problema da raça, dos racismos cotidianos e das violências de sexo, gênero e classe, entre outras; às implicações que a produção de si acarreta para a circulação da autoimagem nas redes digitais; às questões da alteração nas relações de trabalho, dos direitos autorais e de propriedade intelectual, especialmente as decorrentes do uso das inteligências artificiais. Moda, arte e design nos conduzem a discussões sobre representação, teorias distintivas, signos e símbolos de status, como também à materialidade, aos processos de fatura e criação, aos efeitos na vida social. Por meio de processos inventivos, inovações e novas linguagens busca-se engajar em novos desafios estéticos mediados pelos materiais, pelo corpo, pela cidade, pelas marcas, pelos consumidores. Este GT acolherá discussões que envolvam a moda a partir de temas como arte, design, mercado, criatividade, artesania, artífice, casa, domesticidade, gosto, estilo, corpo, gênero, cópia, circulação, agência, consumo, identidades culturais, sustentabilidade, descarte, visibilidade, inclusão social.
Andrés Francisco Dapuez (Conicet – Argentina)
Elisabeth Cavalcante dos Santos (UFPE)
Karin Brondino-Pompeo (ESPM SP)
Ricardo Zagallo (ESPM SP)
Roberta Campos (ESPM SP)
Sucedendo ao GT 5 do ENEC de 2023 (Mudanças de padrões e práticas de consumo, estudos de futuros e sustentabilidade), este GT mantém o interesse em estudos de futuros, tanto no que tange a pesquisas de tendências, que movimentam academia e mercado em busca de antecipações, quanto no que se refere ao interesse em teorizar (Bell, 2017, Beckert 2016), assim como decolonizar futuros, em diálogo com ancestralidades (Krenak, 2022). O foco em mudanças de padrões e práticas, por sua vez, se volta para a (re)imaginação de futuros e materialização de práticas que viabilizem acesso igualitário a bens e serviços sustentáveis, e ambientes saudáveis para todas as pessoas (SCI, 2024), assim como para a busca de padrões de consumo flexíveis e ritmos da vida cotidiana (CREDS, 2022). Incluímos as cidades no escopo do GT, movidos pelo aumento da população urbana mundial, que deve duplicar até 2050 (ONU, 2019). Consideramos também oportuno priorizar cidades da América Latina, que, ao combinar elevadas taxas de urbanização e de desigualdade social, podem funcionar como laboratórios de novos estilos de vida e modos de sociabilidade por meio da cadeia de produção e consumo (Dapuez & Teubner, 2025).
Cecília Soares (pesquisadora independente)
Marta Villar Rosales (UL – Portugal)
Tânia Almeida (ESPM e UERJ)
A Antropologia cedo incorporou, na sua prática, seguir objetos, produtos e pessoas. Suas trajetórias, desvios, paragens e destinos eram considerados elementos fundamentais para o entendimento das culturas, expondo as suas normas, sistemas de significado e valor, alianças e conflitos. Hoje, as ciências sociais usam o termo “circulação” para, focando-se no movimento das “coisas”, ou nas “coisas em movimento”, conhecer o mundo e a vida contemporâneos. Este GT parte do potencial analítico que as circulações de objetos e produtos detêm para convidar investigadores e profissionais a discutirem em conjunto as intersecções entre os padrões de consumo atuais e a crescente diversidade de coisas (e pessoas) em movimento. Convidamos a submissão de apresentações que contribuam para a discussão de temas como o consumo sustentável; o consumo local; a fast fashion; as novas lógicas de expansão de empresas multinacionais; o luxo e os circuitos exclusivos que promove; a globalização de referenciais (como vemos nos esportes, nos eventos culturais, ou nas artes); o corpo humano “objetificado”; e, particularmente, as relações entre movimentos migratórios e cultura material, a partir de uma perspectiva que explore as suas ligações com a circulação de objetos, e os mecanismos (formais e informais) que a incentivam, bloqueiam e gerem em nível global e local.
Carolina Falcão (UFRPE)
Emanuelle Rodrigues (UFAL)
Partindo da premissa de que o consumo é um espaço de disputas e tensionamento da ordem hegemônica, esse Grupo de Trabalho explora como as dinâmicas religiosas se articulam com as lógicas de mercado, especialmente o cultural, produzindo novas formas de expressão, identidade e poder. A religião, longe de ser um fenômeno restrito ao privado, ocupa lugar central no espaço público, redefinindo normas e práticas coletivas. Assim, o GT propõe analisar o consumo como campo de disputa simbólica que transcende a dualidade secular/religiosa, tornando-se arena de ressignificação do que pode ou não ser dito/feito por atores religiosos ou não em nome do que se entende como religioso. Nesse contexto, o consumo é a chave para interpretar resistências e afirmações políticas, especialmente em um cenário de crescente polarização e politização das identidades. O GT convida pesquisadores a refletir sobre as interfaces entre os dois campos, explorando como ambos produzem controvérsias, significados, identidades e disputas na sociedade contemporânea. A proposta é fomentar um debate interdisciplinar, envolvendo comunicação, antropologia, sociologia, estudos culturais e ciência política, para ampliar a compreensão das transformações religiosas em um contexto global de virada iliberal.
Pesquisadores interessados em estudos sobre as sociedades e culturas de consumo contemporâneas, suas transformações e impactos na esfera política, cultural, econômica, tecnológica e ambiental; estudantes de pós-graduação e de graduação, assim como representantes de governos, profissionais de mercado e sociedade civil, interessados nas temáticas abordadas pelo evento.
O Grupo De Estudos Do Consumo foi criado em 2003 a partir da proximidade acadêmica de duas professoras do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, da Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF) – Lívia Barbosa e Laura Graziela. Imediatamente incorporou a professora Fátima Portilho e, alguns anos depois, o professor John Wilkinson, a professora Flávia Galindo e outros pesquisadores.